Cariri também ficará sem médicos cubanos

A decisão do governo cubano de sair do “Programa Mais Médicos” terá reflexo direto em 22 municípios da região do Cariri. Eles estão cadastrados e recebem 116 profissionais através do convênio com a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde, do Ministério da Saúde. Os profissionais vindos de Cuba já começam a deixar a região. O encerramento do programa deve prejudicar desde municípios pequenos, como Altaneira, com 7,4 mil habitantes, que dispõe de três médicos para atender as suas três equipes de Saúde da Família (PSF), até municípios como Juazeiro do Norte, com mais de 260 mil habitantes e que tem sete médicos através do convênio.
O município com mais profissionais médicos cedidos pelo programa é Mauriti, com 16 médicos distribuídos em 19 equipes de PSF. Proporcionalmente, Várzea Alegre é quem mais se beneficia com o programa: são 11 médicos distribuídos em 14 equipes de PSF. Entre os municípios do Crajubar, o Crato é que mais se beneficia, com 14 médicos distribuídos em 39 equipes do PSF. Os municípios que têm menos médicos são Salitre, Penaforte e Aurora, que têm apenas um profissional. Outros como Nova Olinda, Umari, Baixio, Granjeiro e Araripe não participaram do programa. Para o prefeito do Crato, Zé Ailton Brasil (PP), o fim do programa vai trazer muitos prejuízos ao Município, tanto econômico quanto de assistência à saúde. “Esse é um programa que deu certo e traz uma economia significativa para os municípios. Além da qualidade e a disposição dos profissionais cubanos no atendimento”, disse. O custo de pagamento dos profissionais é repassado pela União, sem interferir no repasse destinado à Saúde. “Estou torcendo para que o novo governo brasileiro chegue a um denominador com o governo cubano, para resolver as questões políticas, sob pena de prejudicar principalmente os municípios menores”, disse Zé Ailton. O programa foi instituído em julho de 2013, pelo governo da ex-presidenta Dilma Rousse (PT), e foi idealizado em eixos. O primeiro é fixar médicos, brasileiros ou estrangeiros, na rede pública de saúde de municípios do interior e nas periferias das grandes cidades. Recentemente, o programa recebeu críticas do presidente eleito Jair Bolsonaro, que cobrou dos profissionais uma prova para revalidar seus diplomas no Brasil. Outra questão colocada por Bolsonaro foi o fato da remuneração dos médicos ser apenas 30% do que é pago. Os outros 70% ficariam com o governo cubano. Diante dos muitos questionamentos, o governo de Cuba anunciou a quebra do programa e autorizou a volta dos médicos ao país. O governador Camilo Santana (PT) manifestou preocupação em sua página no Facebook, sobre a decisão do governo Bolsonaro de não renovar o Programa Mais Médicos, sob ameaça de perder os profissionais cubanos. Para ele, o fim dessa parceria significará “um enorme prejuízo”, principalmente na assistência à população mais pobre do País. O Ceará conta com 118 municípios que garantem assistência médica com profissionais de Cuba. Integram a listas de municípios beneficiados pelo Mais Médico com menos de 20 mil habitantes: Farias Brito, Santana do Cariri, Salitre, Porteiras, Abaiara, Potengi, Penaforte, Tarrafas e Altaneira. Com mais de 20 mil habitantes são: Assaré, Aurora, Barbalha, Brejo Santo, Campos Sales, Caririaçu, Crato, Jardim, Juazeiro do Norte, Mauriti, Milagres, Missão Velha e Várzea Alegre.
 Fonte: Jornal do Cariri

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