Internações de pacientes em corredores persistem na Capital

Macas improvisadas e pacientes espalhados em corredores. Dilemas antigos que continuam sendo registrados em grandes unidades hospitalares de Fortaleza e até em Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) da Região Metropolitana, segundo o Sindicato dos Médicos do Ceará. Desde dezembro de 2016, a entidade divulga dados referentes à quantidade de pacientes nos corredores. O problema é crônico e complexo, admite o novo secretário estadual da Saúde, Carlos Roberto Martins, Dr. Cabeto. Mas, ele ressalta que medidas prioritárias para os cem primeiros dias de gestão, a serem apresentadas até o fim deste mês, visam à redução das internações improvisadas.

Em janeiro deste ano, conforme o Sindicato, 319 pessoas ficaram internadas de forma improvisada nas emergências do Hospital Geral de Fortaleza, no Hospital de Messejana, Hospital de Saúde Mental, no Instituto Dr. José Frota, no Albert Sabin e em algumas UPAS.

Uma das pacientes é a doméstica Terezinha Feitosa de Sousa, 68 anos, moradora do bairro Jóquei Clube que, conforme a família, passou 12 dias internada em uma maca improvisada no corredor da emergência do HGF. Diabética, Terezinha está com um dos dedos do pé esquerdo inflamado e, segundo a irmã da idosa, Fátima Brito, foi encaminhada à unidade para amputar o dedo.

No entanto, no HGF, de acordo com Fátima, foi alegado que ela precisaria realizar um exame e, após 12 dias de internação, tal procedimento não foi concretizado. "Ela ficou em uma maca que não cabia nem ela direito", relata.

A irmã da idosa ressalta ainda que teme que o quadro de infecção se agrave. No último sábado (2), Terezinha foi transferida para a Santa Casa e lá aguarda ainda a avaliação do procedimento a ser feito. Nos dias em que ficou na emergência do HGF, Fátima relata que tinha, pelo menos, outros sete pacientes internados de forma improvisada. A Secretaria Estadual da Saúde informa que a paciente passou oito dias internada e foi transferida para que o procedimento fosse realizado em outra unidade por conta do excedente no HGF.

Os dados divulgados pelo Sindicato tratam das principais unidades hospitalares e, conforme a entidade, são registrados em rondas feitas nos próprios hospitais. Neste ano, além do total de pacientes acomodado precariamente nos corredores dos hospitais, o Sindicato promete divulgar também a quantidade de enfermos que vão às UPAs e permanecem internados por mais de 24 horas, o que constitui uma irregularidade.

Ações

O secretário, Dr. Cabeto, diz que a realidade de demanda excedente por leitos, sobretudo, no HGF e no Hospital de Messejana, é uma situação complicada, mas é similar à de vários estados brasileiros. No que diz respeito às unidades estaduais, o projeto a ser apresentado, ainda neste mês, e executado nos primeiros cem dias de gestão é reduzir em 10% o tempo de internação dos pacientes nessas unidades. "Se, por exemplo, uma internação que hoje dura 10 dias passar para 9 dias, nós teremos uma disponibilidade de 300 leitos", explica.

Essa redução será garantida pela adoção de medidas como instalação de sistemas de informatização que possibilite aos pacientes terem um curto espaço de tempo entre a realização de exame e o laudo; distribuição das demandas na rede de modo mais sistêmico, para melhorar a realização de exames; distribuição adequada de insumos, pois, segundo o secretário, muitos pacientes aguardam a medicação nas unidades e a redistribuição de profissionais.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que as Upas não são espaços de internação, e os pacientes não permanecem internados nos locais. O IJF disse que a Prefeitura tem executado uma série de ações e que 130 novos leitos já foram disponibilizados com a conclusão dos dois primeiros andares do IJF 2.Nos próximos meses, serão ofertados mais 73 leitos, sendo 30 deles em Unidades de Terapia Intensiva, ampliando o número de UTIs do IJF em 91%.

Os corredores dos grandes hospitais de Fortaleza continuam tomados por macas. O problema é reconhecido pelo novo secretário estadual da Saúde que disse estar traçando um plano para reduzir o tempo de internação e o excedente de pacientes, sobretudo, no HGF e no Hospital de Messejana.

Fonte: DN

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