Por mais que as Polícias tentem novas
estratégias para combater a violência, os
criminosos estão encontrando formas de se
desvencilhar dos órgãos de Segurança Pública
para continuar movimentando sua rede de
delitos. De acordo com uma fonte ligada a um
setor de Inteligência da Secretaria da Segurança
Pública e Defesa Social (SSPDS), foi detectado
recentemente que criminosos têm se
aproveitado de veículos cadastrados para prestar
serviços aos aplicativos de transportes particulares, para movimentar drogas.
A fonte oficial,
que concedeu entrevista sob condição de não ser identificada,
contou que desde a expansão do Sistema Policial de Indicativo de Abordagem
(SPIA), feita em abril de 2018, foi percebido um aumento do uso dos transportes
de aplicativos por traficantes,
com a finalidade
de disfarçar alguma prática
irregular. Isto, porque, o SPIA integra dados de todos os órgãos da Segurança
Pública, com objetivo de recuperar veículos furtados e roubados.
"Os traficantes
vêm usando mais esses transportes particulares para cometer
crimes, para se locomover, porque a Polícia está monitorando placas dos
veículos com queixa de roubo. A tecnologia do sistema policial, atualmente,
sabe por onde os carros passam e eles querem passar despercebidos", explicou.
Neste ano, alguns casos repercutiram por se tratar de crimes envolvendo
motoristas ou passageiros, que se deslocavam com uso desta ferramenta. Há
cerca de uma semana, uma adolescente de 13 anos foi assassinada a tiros
segundos após finalizar
sua viagem, no bairro Bonsucesso. Dois homens
roubaram celulares do motorista e da passageira e executaram a jovem, ainda
dentro do automóvel.
Policiais militares que atenderam a ocorrência contaram que a vítima passou a
viagem conversando em uma rede social. Existe uma suspeita de que ela
conversava com alguém que a esperava no ponto de chegada. A morte da
adolescente está na conta dos, pelo menos, 33 homicídios contra mulheres
ocorridos, somente neste mês de setembro, no Estado do Ceará.
Insegurança
O policial ligado à Inteligência da SSPDS destacou que mulheres, integrantes de
facções criminosas, vem se valendo das viagens em veículos particulares, para
fazer entregas ou cobranças de drogas. De acordo com a fonte, algumas são
agradas
com crianças, levadas durante as viagens para evitar levantar
suspeitas da Polícia.
O papel das traficantes,
porém, não se resume a serem entregadoras. Segundo
o servidor entrevistado, depois da matança epidêmica ocorrida no Ceará, elas assumiram o gerenciamento do trafico
em alguns bairros da Capital.
"As mulheres estão fazendo o papel que os filhos
ou maridos assassinados
faziam. Cobram dinheiro, compram mercadoria, andam armadas e contratam
pessoas para vingar as mortes dos seus parceiros. Tem mulheres com cargos de
lideranças nas facções", ressaltou.
Questionada sobre a situação, a SSPDS informou que está prevista, para o início
do próximo mês de outubro, uma reunião com representantes de aplicativos de
transportes. A Pasta respondeu, por meio de nota, que está aberta ao diálogo e
já se reuniu com representantes desse grupo em outros momentos. Com
relação à ficha
criminal dos motoristas, a SSPDS acrescentou que é atribuição
das empresas verificar
o histórico dos seus colaboradores.
A fonte da Inteligência pontua que, na maioria dos casos, o motorista não está
envolvido. "O motorista, na maioria das vezes, é mais uma vítima. Aceita a
corrida, mas não sabe pra onde vai, nem o que o passageiro vai fazer. A
disseminação dos aplicativos foi bom para a sociedade, mas, infelizmente, está
sendo uma grande oportunidade para o tráfico
também. Não há como controlar
quem usa os aplicativos".
Fonte: Diário do Nordeste
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