Afinal, o que é comunismo?

O Brasil tem enfrentado uma polarização política intensa. Principalmente próximo às eleições, tornou-se comum rotular eleitores de fascista ou comunista, ideologias que deram embasamento a regimes ditatoriais no século XX, de acordo com suas preferências políticas. O presidenciável Jair Bolsonaro é chamado constantemente de fascista por sua oposição e Fernando Haddad, por outro lado, é dito comunista. Mas, afinal, é possível fazer essas relações? O que é o comunismo?


O professor de história da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Marcos Diniz, explica que o termo "comunismo" surgiu com o Manifesto Comunista de Karl Marx, em 1948. O livro foi resultado de um processo de análise da sociedade capitalista recém industrializada, sendo interpretados os trabalhadores como uma força revolucionária da chamada luta de classes.
 
Marx afirma que, para o comunismo ser implantado, seria necessária antes uma primeira fase, de socialismo. Apenas depois haveria a instauração de uma sociedade mais igualitária, com a eliminação de classes e do Estado. Um “reino da igualdade e paz, uma utopia”, segundo Marcos. O especialista diz, porém, que nunca houve, de fato, a implantação de um comunismo.
 
Conforme a professora do departamento de história da Universidade Federal do Ceará (UFC), Meise Lucas, o comunismo em sua primeira fase tem como características um partido único e o controle dos meios de produção pelo Estado, além de uma perseguição por inimigos, o que seria uma característica em comum com o fascismo. Não é necessariamente, porém, uma ditadura. “Partido comunista é capaz de surgir dentro de uma democracia”, diz.
 
Para o professor da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central da Uece, Jamilson Rodrigues, o termo "comunista" começou a ser utilizado como um "instrumento de criar estigma e descrédito". "Esse termo utilizado no sentido do senso comum não tem nenhuma relação com o que o Marx falou", elucida.
 
Marcos Diniz reforça que o termo sempre foi utilizado pela burguesia com ideias negativas. “Segundo eles o comunismo teria a violência contra a religião e valores da família. É um jogo de contrainformação. De achar que comunista comia crianças no café da manhã e matava padres”, reforça. “Não há como rotular alguém como comunista por ser de esquerda”, afirma.
 
Jamilson diz que sequer é possível fazer um comparativo de aspectos positivos e negativos sobre o comunismo, já que a ideologia nunca foi de fato implantada na história. O que se teve, segundo ele, foi um socialismo, uma tentativa de aplicar as ideias de Marx. O resultado, porém, não foi como esperado, com regimes autoritários em países como Rússia, Cuba e Venezuela.
Fonte O Povo

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