Empresário apontado pelo MPCE como líder de facção mantém contratos milionários com a Prefeitura de Icó.


Contratos firmados pela Prefeitura de Icó revelam que uma empresa pertencente ao empresário Ladislau Pereira da Silva Neto, conhecido como Lau Neto, tem recebido valores expressivos da Administração Municipal, que variam entre R$ 274 mil e R$ 1,05 milhão. O nome de Ladislau aparece em relatórios de inteligência da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) e do Ministério Público do Ceará (MPCE), que o apontam como uma das principais lideranças do Comando Vermelho no Estado.

Contratos milionários e locações diretas

Os registros da Farmácia Anabelly, de propriedade de Ladislau, indicam repasses que ultrapassam R$ 5,9 milhões desde 2021, oriundos de contratos com a Secretaria Municipal de Saúde.

Levantamentos disponíveis no Portal da Transparência e no Portal das Licitações da Prefeitura mostram que, em 2025, quatro contratos continuam vigentes, somando cerca de R$ 3,3 milhões.

Além disso, consta que a Secretaria de Educação Básica de Icó mantém um contrato de locação de imóvel diretamente com Ladislau Neto (pessoa física), no valor de R$ 120 mil anuais. O espaço é utilizado em atividades de contraturno escolar e o acordo ocorre por dispensa de licitação, sendo renovado de forma contínua desde 2018.

Relações políticas e repercussão

A presença de Ladislau Neto em fotografias ao lado de lideranças políticas locais ampliou a repercussão do caso.

Nas imagens, divulgadas nas redes sociais, o empresário aparece acompanhado da ex-prefeita Laís Nunes e da atual prefeita Aurineide Amaro de Sousa, ambas filiadas ao Partido dos Trabalhadores (PT).

Os registros geraram forte reação nas redes, com críticas à proximidade entre agentes públicos e um homem investigado por crimes graves.

Histórico criminal e investigações

De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), Ladislau é considerado um criminoso de alta periculosidade, com passagens por homicídio, organização criminosa e porte ilegal de arma de fogo.

Entre os crimes atribuídos a ele está o assassinato do sargento da Polícia Militar Geilson Pereira Lima e duas tentativas de homicídio contra sua própria vida, registradas em 2024.

Um relatório aponta ainda que os atentados contra Ladislau teriam sido motivados por disputas entre facções rivais.

Durante operação da Polícia Civil realizada em junho de 2025, o empresário foi preso.

Na ocasião, foram apreendidos armas, munições e bens de alto valor, incluindo imóveis e empresas em nome de familiares, o que levantou suspeitas de lavagem de dinheiro.

O que dizem a Prefeitura e a empresa

Em nota oficial, a prefeita Aurineide Amaro repudiou as acusações, chamando-as de “inconsequentes e de claro viés político-partidário”.

A gestora afirmou que todos os contratos seguem princípios legais e que os processos de compra são conduzidos com transparência e impessoalidade, destacando que a Farmácia Anabelly é um estabelecimento em pleno funcionamento.

“Todas as compras são realizadas por meio de processos licitatórios públicos, pautadas pela legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”, diz o comunicado da Prefeitura.

A empresa, por sua vez, também se manifestou nas redes sociais. Em nota, declarou ter recebido as denúncias com “surpresa e indignação”, negou qualquer vínculo com facções criminosas e reforçou que participa de licitações de forma legal e transparente. 









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