Da próxima vez que pensar duas vezes se coloca
ou não legumes e verduras no prato, considere o
que diz a ciência. A ingestão de vegetais, como
brócolis, couve e repolho, pode prevenir o
desenvolvimento de câncer de cólon, segundo
indica estudo publicado na revista Immunity. De
acordo com a pesquisa, algumas substâncias
químicas produzidas nesses alimentos são
capazes de reduzir inflamações
no intestino e
cólon, o que ajuda a diminuir a probabilidade de
câncer na região. As descobertas foram feitas a partir da análise de
camundongos geneticamente modicados.
Os pesquisadores salientaram que, apesar de não ser possível mudar os fatores
genéticos que tornam as pessoas propensas ao câncer, os riscos podem ser
reduzidos com medidas simples, como uma dieta rica em vegetais. Esse é o
primeiro estudo a fornecer evidências importantes para a melhor compreensão
de como o indol-3-carbinol (I3C), substância produzida no organismo diante da
digestão de alguns legumes, pode prevenir inflamações
intestinais, que podem
levar ao câncer. A produção de I3C é comum em vegetais da família Brassica
genus, que incluem brócolis, couve-flor,
couve-de-bruxelas, repolho e couve.
Relação I3C e AhR
De acordo com os cientistas, a prevenção de inflamação
e câncer de cólon foi
possível por causa da ativação do receptor de hidrocarboneto de arila (AhR),
proteína que transfere as informações para as células do sistema imunológico e
do revestimento do intestino. Ao receberem a sinalização, elas se preparam
para proteger o trato digestivo de inflamações
que podem ser causadas por
bactérias que vivem na microbiota intestinal.
Para reconhecer os efeitos positivos da dieta, foram usados camundongos
geneticamente modicados
que não eram capazes de produzir ou ativar a AhR
naturalmente, o que os tornava mais propensos à aparição de inflamações,
causadas pela bactéria intestinal Citrobacter rodentium. Essa vulnerabilidade
facilitou o aparecimento de câncer de cólon nos animais.
Isso acontece porque uma das funções do AhR é ajudar as células-tronco a se
transformarem em células especializadas do revestimento intestinal
responsáveis pela produção de muco protetor. Quando essa proteína está
ausente ou não funciona adequadamente, essa tarefa não é realizada e as
células podem passar por intensa divisão. Essa reação anormal pode provocar
crescimento de células malignas.
O estudo notou que, nos camundongos sob a dieta com I3C, o resultado foi
diferente. “Quando os alimentamos com uma dieta enriquecida com I3C, eles
não desenvolveram inflamação
ou câncer. Curiosamente, quando camundongos cujo câncer já estava em desenvolvimento foram transferidos para a dieta rica
em I3C, o número de tumores foi significativamente menor e também eram
mais benignos”, explicou Amina Metidji, principal autora do estudo, ao Daily
Mail.
Caminho da prevenção
Diante dos resultados, os pesquisadores concluíram que uma alimentação
saudável pode ser uma forma simples de prevenção para alguns tipos de
câncer. “Essas descobertas são motivo de otimismo. Embora não possamos
mudar os fatores genéticos que aumentam nosso risco de câncer,
provavelmente podemos atenuá-los adotando uma dieta adequada com muitos
vegetais”, disse Brigitta Stockinger, coautora da pesquisa, ao Medical News
Today.
O próximo passo é buscar o resultado a partir da investigação dos resultados
em tecidos humanos.
Câncer de cólon
O câncer de cólon, um dos mais recorrentes em todo o mundo, geralmente
começa com o aparecimento de um pólipo no revestimento do cólon (parte do
intestino grosso). Nem todos os pólipos, no entanto, se tornam tumores.
Um pólipo pode levar, em média, dez anos para se tornar um tumor. Por causa
disso, a melhor maneira de prevenir o aparecimento de tumores é a remoção
deles antes que se tornem malignos. O procedimento utilizado na detecção e
remoção dos polipos é a colonoscopia. Dados do Instituto Nacional do Câncer
(Inca) estimam que o câncer de cólon seja responsável por mais de 150 000
casos anualmente no Brasil.
Fonte: Veja







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