Vice de Bolsonaro abre crise na campanha; rivais atacam

O novo episódio envolvendo Mourão na campanha presidencial deixou Bolsonaro contrariado. Interlocutores do PSL armam que o general já havia sido advertido outras três vezes pelo cabeça de chapa para que fosse mais comedido em suas palestras e evitasse temas controversos para poupar a candidatura. A crítica de Mourão ao pagamento do 13º salário e do abono das férias ocorreu na última quarta-feira durante uma palestra na Câmara de Dirigentes Lojistas de Uruguaiana (RS). Na ocasião, o militar comparou os benefícios trabalhistas a “jabuticabas brasileiras”. Ou seja, algo que só tem no Brasil.  “Temos algumas jabuticabas que a gente sabe que é uma mochila nas costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras: 13º salário. Se a gente arrecada 12 (meses), como é que nós pagamos 14? É complicado. E (o Brasil) é o único lugar em que a pessoa entra de férias e ganha mais”, disse Mourão, no evento. Logo que a notícia foi divulgada, o presidenciável foi quem ligou para seu companheiro para repreendê-lo. Em seguida, foi ao Twitter para desautorizá-lo e expor publicamente sua contrariedade. “O 13° salário do trabalhador está previsto no art. 7° da Constituição em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser suprimido sequer por proposta de emenda à Constituição). Criticá-lo, além de uma ofensa a quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”, escreveu o presidenciável, manifestando contrariedade com seu vice publicamente. Segundo o presidenciável, o vice tem que dar explicações e defender a tese de que suas declarações eram de cunho pessoal, e não um posicionamento da campanha. Agora, Bolsonaro quer o vice compareça a debates para que explique suas declarações públicas. Ontem, a campanha chegou a cogitar afastá-lo dos eventos com os adversários.  Recuo O presidente do PSL, Gustavo Bebianno, reforçou que a crítica aos benefícios é uma posição pessoal do militar, e não um plano de governo. No final da tarde de ontem, o vice de Bolsonaro divulgou uma nota amenizando suas declarações. Armou que a crítica feita ao 13º salário e ao adicional de férias não significa uma proposta de mudar os benefícios. Mourão reclamou que a fala teria sido “descontextualizada” e que desejava apenas expor aos empresários o “custo Brasil”.  Os adversários de Bolsonaro na disputa presidencial reagiram às declarações do general. Alckmin (PSDB) levou ao programa de TV uma referência ao tema, inserida de última hora: “Ele não, 13º sim”. A partir de hoje, a fala do general passará a ser explorada no rádio e na TV.  Em nota, a Comissão Executiva Nacional do PT armou que o 13º “é uma conquista histórica da classe trabalhadora, assim como a gratificação de férias”. O partido disse que é “inacreditável que alguém se candidate a governar o País propondo massacrar ainda mais os trabalhadores”. O candidato da legenda, Fernando Haddad, é o segundo colocado nas pesquisas, atrás de Bolsonaro.  Ciro (PDT), que está em terceiro, armou que quem não tinha motivos para não votar no candidato do PSL, agora ganhou. “Imagine que esse homem pode virar presidente da República, como acabou acontecendo com três vices na História recente do Brasil, entre eles Sarney e Temer”, disse Ciro, em vídeo nas redes sociais.  Marina Silva (Rede) tuitou que Mourão “atacou a Constituição” e armou que os eleitores precisam ter atenção com os vices de cada chapa. “Vice do Bolsonaro, Mourão atacou a Constituição quando ‘jabuticabou’ a importância do 13º salário e férias”. Além de analisar os candidatos, PRESTEM MUITA ATENÇÃO NO VICE. Já sabemos o que a escolha mal feita de um vice pode fazer ao País”, disse. 
Fonte Diario do Nordeste

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