Mais de 200 obras de infraestrutura que integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão paralisadas no Ceará, de acordo com balanço do Ministério do Planejamento. Os dados mostram que foram aplicados apenas R$ 14,57 bilhões dos R$ 29,05 bilhões em recursos federais liberados para a execução dos serviços, restando R$ 14,5 bilhões de investimentos travados (48,9%).
A maioria dos 203 empreendimentos emperrou por problemas técnicos (85 ocorrências) e abandono da empresa responsável pelo trabalho (54). A Linha Leste do Metrô de Fortaleza (Metrofor) é uma delas, que obteve R$ 22 milhões via Governo Federal e ficou estagnada após imbróglio com a concessionária que toca as obras. Já a Ferrovia Transnordestina (R$ 22,3 milhões) foi uma das oito obras que tiveram dificuldades orçamentárias.
A execução dos BRTs (Bus Rapid Transit) das avenidas Paulino Rocha (R$ 12,54 milhões) e Alberto Craveiro (R$ 6 milhões) imobilizou por impasses técnicos e, na Dedé Brasil (R$ 21,7 milhões), parou devido a entraves financeiros. Já o Aeroporto de Fortaleza recebeu R$ 88,7 milhões do Governo Federal para a ampliação do terminal de passageiros, pátio de aeronaves e adequação do sistema viário, feita pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, mas não avançou na tarefa. As obras, no entanto, foram retomadas após a alemã Fraport assumir a administração do equipamento, em janeiro deste ano.
A extensa lista também contabiliza descontinuidade de creches, unidades de saúde e saneamento para comunidades cearenses. De acordo com a economista Alessandra Benevides, professora do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Sobral, as interrupções destes projetos representam a queda na qualidade de vida no longo prazo, puxada pelo desemprego e podem impedir a recuperação da economia.
"Quando as obras param, fecham-se postos de trabalho. E uma obra, quando for retomada, terá de reparar parte do que já havia sido feito. Outro ponto é que os investimentos usados em infraestrutura influenciam em diversos setores e colaboram com o aumento do Produto Interno Bruto (PIB). Quando eles param, reduzem as perspectiva de melhora", enumera. Alessandra destaca que muitas edificações não são concluídas por falta de planejamento e "ineficiência" do uso dos recursos.
O Presidente da Associação das Empresas da Construção Pesada do Ceará (Aconpec), Dinaldo Diniz, afirma que é necessário organização para sustentar o processo prático. "Até uma casa fechada durante um tempo traz prejuízo, imagina uma grande obra como não é afetada. Isso ocorre porque muitos problemas surgem de um plano mal elaborado. Quando chega em determinado estágio, nota-se que há inconsistência técnica no projeto".
Fonte O Povo
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