O Ceará, seguindo determinação nacional do Ministério da Saúde, antecipou para segunda-feira, dia 22 de abril, nova fase da campanha de vacinação contra a gripe, que até março deste ano, já foi causa da morte de 18 pessoas no Estado, conforme boletim da Secretaria da Saúde (Sesa). São seis óbitos a mais que os contabilizados em igual período do ano passado, quando houve um total de 12 em decorrência da doença, indicada nos boletins como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). As mortes (uma delas em decorrência de influenza A H1N1) ocorreram na Capital, em Caucaia, Frecheirinha, Marco e Russas.
Ao todo, 213 casos da Síndrome foram registrados até 2 de abril deste ano. Em igual recorte de tempo de 2018, o boletim somou 83 ocorrências. O número de 2019 é 156% maior que o do ano passado. No entanto, a coordenadora de imunização da Pasta, Daniele Queiroz, esclarece que "não há motivo para pânico, mas sim, para atenção".
Do contabilizado neste ano, quatro casos são em decorrência do vírus influenza A H1N1 e outros quatro causados pelo vírus influenza A H3/Sazonal, além de 52 por outros vírus respiratórios, 118 não especificados e 35 que ainda estão em investigação, o que corresponde a 16,4% do total. Já durante igual recorte temporal no ano passado, os casos de SRAG por vírus da influenza, com 19 registros, foram os que mais acometeram os cearenses, seguidos de 59 sem etiologia especificada e quatro motivados por vírus respiratórios em todo o território estadual.
Escolas
Com receio da proliferação da doença, colégios particulares de Fortaleza estão enviando comunicados chamando a atenção para os cuidados preventivos em prol do bem-estar das crianças. Na última segunda-feira (15), após três alunos do Infantil 3 e 4, de uma escola do bairro Dionísio Torres, apresentarem diagnóstico positivo de influenza A, a instituição orientou pais e/ou responsáveis que não levassem os filhos à aula. "Por essa razão, solicitamos uma maior atenção e compreensão de vocês no sentido de não trazerem seu filho à escola quando este apresentar qualquer sintoma de um quadro viral. E, especialmente, só retornar às aulas mediante atestado médico que explicitamente assegure condição saudável para essa volta. Importa dizer que essa orientação também se estendeu a todos os nossos colaboradores".
A advogada Camila Prado, 33, decidiu por conta própria afastar a pequena Clara da escola em que estuda após descobrir que a filha, de 2 anos, estava com influenza na primeira semana de abril. "Além de suspender a ida dela, eu notifiquei formalmente a instituição sobre o diagnóstico, porque é um espaço de convivência dela e a doença é contagiosa. Eu me preocupei em compartilhar por pensar que outras crianças poderiam contrair também", justifica.
Para além da sala de aula, a SRAG pode ser evitada desde que cuidados diários mínimos sejam tomados, como explica Daniele Queiroz. "Lavar as mãos ou usar álcool gel, não compartilhar utensílios, arejar os ambientes e usar a etiqueta da tosse, que é tossir, espirrar ou falar protegendo a boca e a narina com lenço ou o antebraço para que não tenha uma dispersão do vírus no ambiente".
Apesar de ter conseguido a cura da filha depois de tratamento medicamentoso durante cinco dias, Camila Prado reforçou os cuidados dentro de casa para evitar novos casos de gripe em sua família. "Hoje, a gente tem em todos os ambientes da casa, álcool em gel 70% para ajudar na higienização das mãos ou de algum objeto que cai no chão", revela.
Vacina
Desde o dia 10 de abril, quando começou a campanha de vacinação, a imunização está disponível para gestantes e crianças de seis meses a menores de seis anos. Em tempo, o balanço da campanha é positivo, já que até as 11h30 de quarta-feira (17), 19.810 doses foram aplicadas, o que coloca o Ceará como o primeiro do Nordeste e o 5º do Brasil com maior cobertura vacinal.
Contudo, esse número deve aumentar, já que a partir desta segunda-feira (22), a vacina será repassada a idosos com 60 anos ou mais, mulheres com até 45 dias pós-parto, doentes crônicos, trabalhadores da saúde, população indígena, adolescentes e jovens sob medida socioeducativa, detentos e funcionários do sistema prisional e professores da rede pública e privada.
Enquanto isso, clínicas particulares de Fortaleza registram, neste mês, aumento de 60% na procura pela vacina contra a influenza em relação ao mês de março. Segundo a pediatra Vanuza Chagas, a busca assídua deve continuar, sobretudo nesta segunda quinzena.
"Só neste mês, já repassamos 600 doses. O que a gente está vendo é a procura de famílias inteiras preocupadas inicialmente com crianças, e isso vai aumentar, porque o pico maior da gripe acontece agora devido às chuvas, que ainda estão constantes e há um aumento na propagação dos vírus", explica a médica.
Fonte: Diário do nordeste
0 Comentários