Professores de escola em Mulungu usam rádio comunitária para dar aulas aos alunos sem internet

Diante da paralisação das aulas em decorrência do novo coronavírus, os professores da escola estadual de Ensino Médio Professor Milton Façanha Abreu, localizada no município de Mulungu, no interior do Ceará, passaram a usar a rádio comunitária local para propagar aulas de maneira remota aos alunos sem acesso à internet. 

De acordo com o diretor da escola, professor Luiz de França Leitão Arruda, 61, as atividades remotas via internet iniciaram logo após a paralisação presencial, no final de março, mas logo foi constatada a dificuldade de mais de 100 alunos para acessar o conteúdo. “Muitos desses alunos são da zona rural e tampouco teriam como comprar celular ou computador. Então, pensamos em contatar a Rádio Paz FM para o que conteúdo chegasse igualmente para todos”, explica.


O conteúdo é apresentado três vezes por semana pelos professores da escola que se dividem por áreas de conhecimento, como matemática, ciências da natureza, humanas e linguagens e artes. “Inicialmente, os professores iam até a rádio para gravar o conteúdo, de aproximadamente uma hora de aula. Porém, com o avanço da Covid-19, nós preferimos gravar o conteúdo de casa e já enviamos para a rádio veicular”, pontua Luiz.
 
Conforme o responsável pela instituição, o retorno dos estudantes sem acesso à internet, em caso de dúvidas com relação ao conteúdo, “a gente agenda um momento para interação com eles [alunos]. Alguns pedem o celular do vizinho para entrar em contato com o professor. Eles também têm os livros bases”. 



rofessor da área de linguagens, Márcio Fernandes, 31, é um dos docentes da aula radiofônica. Para ele, a logística funciona da melhor forma para que todos possam compreender o assunto. “Nós usamos músicas temáticas, trazemos convidados para falar sobre determinado assunto, tudo para que a mensagem chegue até eles de maneira muito clara”, afirma.
 

“Nesse período de crise, o nosso projeto na rádio acabou abraçando todos os alunos do município, de certa forma. Nós estamos nos reinventando porque a educação não pode parar”, pondera Márcio. 


 
No último ano na escola, prestes a prestar vestibular, Rhayane Gomes dos Santos, de 17 anos, conta que a pandemia tornou tudo mais complicado, de início. “Porém, com o passar do tempo, fomos nos adaptando às aulas remotas”. A estudante comenta que, apesar de conseguir acesso às aulas via internet, “aqui a rede é muito falha, então a solução é ouvir na rádio mesmo”.  
DN

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