Prefeito e primeira-dama são condenados por fraudes contra aposentados no Interior do Ceará

 
Cinco pessoas foram condenadas por aplicar golpes bancários em idosos de Pentecoste, no Interior do Ceará. A decisão proferida nesta quinta-feira (29), na Vara Única da Comarca de Pentecoste, sentenciou oito nomes, dentre eles o do atual prefeito de Pentecoste João Bosco Pessoa Tabosa e da primeira-dama Maria Clemilda Pinho de Sousa. Ao todo cinco pessoas foram condenadas e três absolvidas. Somadas, as penas chegam a 15 anos de reclusão.

Também foram condenados: Maria da Conceição de Sousa, Moisés da Silva Soares e Pedro Hermano Pinho Cardoso (ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Pentecoste). Já Igor de Castro e Silva Marinho, José Elierto Correia Celestino e Maria Clara Rodrigues Pinho foram absolvidos. Todos eles eram alvos da Operação Caixa 2, do Ministério Público do Ceará (MPCE), deflagrada para apurar financiamento ilegal à campanha do prefeito João Bosco.

A sentença assinada pelo juiz Wallton Pereira de Souza Paiva estabeleceu que para o prefeito João Bosco a pena em primeira instância de um ano e oito meses de reclusão pode ser substituída por pena privativa por penas restritivas de direito, ou seja: prestação de serviços à comunidade e pagamento de um salário-mínimo a cada uma das vítimas que constam no inquérito criminal que motivou a ação penal.

Para a primeira-dama o magistrado estipulou a pena de cinco anos e quatro meses de reclusão, com regime inicial no semiaberto no início do cumprimento de pena. Já o ex-vereador Pedro Hermano foi condenado a cinco anos e três meses de reclusão, por concussão.

ESQUEMA

Constam nos autos que no ano de 2017 a Polícia Civil passou a investigar Maria da Conceição em razão do suposto cometimento de crime de estelionato. A suspeita era que a mulher estivesse envolvendo idosos aposentados e pensionistas que recorreriam a ela, enquanto funcionário de uma agência bancária, para ajudar nas transações junto aos caixas eletrônicos.

"A prática do estelionato se dava da seguinte forma: Maria da Conceição há anos ajudava os idosos aposentados/pensionistas a sacarem os seus benefícios/pensões nos caixas eletrônicos do Banco do Brasil, por estes, em razão da baixa escolaridade, não saberem operar nas máquinas de autoatendimento. Em contrapartida a ajuda fornecida, os idosos davam à Maria da Conceição uma espécie de gorjeta. Com o passar do tempo, e após ganhar a confiança dos idosos, a investigada, não satisfeita com as gorjetas que recebia, passou a realizar empréstimos e adiantamentos dos 13º salários dos idosos, não repassando a esses os valores contratados, dando-lhes somente os valores das pensões/benefícios, apropriando-se, portanto, dos valores contraídos a título de empréstimo e adiantamento 13º salários", segundo a investigação.

OPERAÇÃO

A Operação Caixa 2 ficou dividida em duas fases. A primeira foi deflagrada em outubro de 2018. Presidente da Câmara e funcionários do Banco do Brasil foram afastados dos cargos. Já na segunda fase, deflagrada em abril de 2019, o ex-vereador, a mãe dele e a primeira-dama foram presos.

Ano passado, o MP chegou a pedir pela prisão e pelo afastamento do prefeito João Bosco, mas a Justiça entendeu que os crimes foram cometidos antes da sua gestão. "As medidas cautelares foram interpostas em razão dos diversos embaraços realizados pelos investigados, com o intuito de frustrar a investigação criminal, utilizando-se de seus cargos para obstruir a justiça", explicou o promotor de Justiça de Pentecoste, Jairo Pereira Pequeno Neto.
Fonte: DN

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