Uma denúncia anônima
para o 190 do pequeno município de Canarana. Distante 838 km de Cuiabá, capital
do Mato Grosso, salvou a vida de um bebê indígena recém-nascida que foi
enterrada vida pela bisavó. A avó também teve participação e foi presa. O caso
inédito, e gravíssimo, aconteceu no último dia 5 de junho. Recuperada após 6
horas debaixo da terra e 36 dias na UTI, a pequena aguarda decisão judicial
sobre seu futuro em um abrigo.
A alta aconteceu na
última segunda-feira, 9. O pai da criança foi ouvido pela Polícia Civil e
alegou não saber nem da gravidez e nem do nascimento da filha. Ele afirmou em
depoimento que pretende ficar com a menina. A avó da bebê, Tapoalu Kamayura,
33, depôs que a decisão de enterrar a recém-nascida foi tomada porque elas não
aceitavam o fato de o pai do bebê ser um índio de outra etnia. A mãe da bebê,
que é uma adolescente de 15 anos, também manifestou o desejo de ficar com a
guarda da menina.
Até a finalização do
processo, a pequena índia fica fica sob a tutela do Estado. O Ministério
Público Estadual está fazendo um estudo antropológico para entender os motivos
por trás do enterro. Por meio de nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai)
afirmou que acompanha de perto o caso para garantir que os direitos dos
indígenas envolvidos sejam respeitados.
O caso
A menina ficou
enterrada no quintal de casa das 14 horas às 20 horas, em um cova de 50
centímetros de profundidade. Ligação anônima aconteceu no início da tarde, mas
o resgate só deu certo pela noite. Os policiais do caso pensavam que
encontrariam a indígena sem vida.
Ao chegar ao hospital,
a prioridade era desobstruir as vias aéreas. Água morna foi usada para
higienizar boca e nariz da pequenina, que foi levada para uma incubadora. O
fato de ela ter sobrevivido impressiona médicos até hoje.
"Dentro da barriga
da mãe, dentro do período fetal, o recém-nascido tem baixas taxas de oxigênio.
A placenta que dava oxigênio para ele. Quando o bebê nasce, ele começa a
respirar, mas essa transição é feita de forma lenta, gradativa e provavelmente
por isso esse recém-nascido teve esse sucesso de conseguir se manter com baixas
taxas de oxigênio”, comentou médica neonatologista Juliana Del Bigio, em
entrevista ao G1.
Redação O POVO Online
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