'Capitã cloroquina' depõe na CPI sobre kit covid, aplicativo e mortes no AM

Mayra Pinheiro, medica Cearense a "capitã cloroquina"
Imagem: Anderson Riedel/PR
 

A CPI da Covid, no Senado Federal, ouve hoje, a partir das 9h, a servidora Mayra Pinheiro, conhecida nos bastidores do governo como "capitã cloroquina". Titular da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação, ela ganhou projeção não pela atuação à frente da subpasta do Ministério da Saúde, e sim pela defesa da prescrição de medicamentos sem eficácia científica comprovada como alternativa de política pública no enfrentamento à pandemia.

Mayra obteve no STF um habeas corpus, que dá a ela o direito de se calar ao ser questionada sobre o colapso da rede de saúde no Amazonas, entre o fim de dezembro de 2020 e janeiro deste ano. Isso porque o assunto já é objetivo de investigação por parte do Ministério Público Federal.

A Procuradoria apura se ela, seu ex-chefe, Eduardo Pazuello (ex-ministro da Saúde), e outras cinco pessoas têm responsabilidade em relação ao agravamento da crise sanitária em Manaus. À época, Mayra integrou a equipe de Pazuello que montou um gabinete temporário na capital amazonense.

Na audiência de hoje, dois temas figuram com destaque na pauta dos senadores que devem formular os questionamentos mais incisivos: a difusão do "TrateCov", um aplicativo do ministério que recomendava uso de hidroxicloroquina; e óbitos que ocorreram no país devido ao uso indevido da substância. 

Entre março e abril deste ano, ao menos três pessoas morreram no Amazonas depois de se submeterem a nebulizações com hidroxicloroquina diluída em soro. O caso é investigado pela Polícia Civil. Esse mesmo tipo de tratamento foi endossado, em março, pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, em postagem no Facebook.

No Rio Grande do Sul, três pacientes que passaram por esse procedimento morreram no hospital Nossa Senhora Aparecida, em Camaquã, no interior gaúcho. Todos eles receberam nebulização com hidroxicloroquina. Outro caso semelhante ocorreu na cidade de Caridade de Alecrim. Um paciente de 69 anos recebeu o tratamento, segundo a família, sem autorização deles, e morreu alguns dias depois.

Em maio, o CFM (Conselho Federal de Medicina) publicou uma resolução determinando que a técnica não poderia ser aplicada sem "protocolos de pesquisa aprovados" por órgãos de controle, como o Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa). De acordo com senadores da oposição, o tema será colocado durante a oitiva com a secretária.

Os parlamentares entendem que a defesa sistemática do uso da cloroquina por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pelo Ministério da Saúde provocaram um efeito perigoso em relação a abordagens médicas pelo país que vão na contramão da ciência. Somente em março, foram registrados em Manaus pelo menos 22 óbitos em que há suspeita de que possam ter ocorrido por dosagens elevadas de hidroxicloroquina.

Fonte: Uol



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